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domingo, 16 de novembro de 2014

Quinta da Arealva - cais de Olho de Boi - Ginjal (Almada)



Introdução:

Nos anos sessenta os armazéns de vinho, as fábricas de peixe, o grémio do bacalhau, as oficinas de tanoaria, e claro, os restaurantes, além de darem vida ao Ginjal davam emprego a mais de uma centena de pessoas.
O marisco e o peixe, sempre fresquinhos, eram o grande atrativo dos apreciadores da boa mesa portuguesa, fossem eles turistas estrangeiros ou portugueses. Com o fim das "burricadas", as "mariscadas" passaram a ser um excelente motivo para os lisboetas atravessarem o Tejo de cacilheiro e desfrutarem da beleza da Margem Sul...



A Quinta da Arealva (Arialva) terá sido edificada nos terrenos onde esteve um forno de cozer telha e tijolo dito «Forno da Arealva» que em 1709 foi aforado pela CMA a António Dias Pinheiro. Foi nesta propriedade que, em 1757, João O’Neill, nobre irlandês católico e exilado, se estabeleceu com um negócio de produção e armazenamento de vinhos.

O negócio dos vinhos trouxe alguma prosperidade a O’Neill que em 1766 numa petição ao Patriarca de Lisboa lhe pede encarecidamente que autorize a construção de uma Ermida dentro da sua fazenda, uma vez que segundo o próprio o vinho algumas vezes levava a maus caminhos, e o caminho de acesso á vila (Almada) com o propósito de frequentar a missa, juntamente com a sua mulher e muitos filhos e familiares, era sinuoso e difícil.

A ermida foi edificada com porta para o largo da fazenda. Era frequentada pela familia de 
O’Neill, bem como por outros habitantes das imediações a quem o nobre frequentemente convidava para as celebrações. Esta ermida ficou conhecida como a Capela dedicada a S. João Baptista da qual ainda hoje restam vestígios.
A quinta foi comprada já no séc. XIX por João Luís Lourenço passando depois aos seus herdeiros, Domingos Afonso e mulher. Domingos que já era um grande empresário ligado aos vinhos tornou a quinta num afamado local produtor e distribuidor de vinhos de fama internacional. A empresa tinha também grande actividade na Industria da Tanoaria, azeites e conservas variadas, (peixe, caça e legumes). Mais tarde a Companhia Portuguesa de Pescas instalou-se também no local, o que possibilitou que o local fosse utilizado como estaleiro naval.

A sua estrutura está dividida em duas partes distintas: “O Palacete” utilizado pelos serviços administrativos, e os armazéns industriais que serviam de apoio ao complexo.

Pertenceu até a um passado recente á Sociedade Vinícola de Portugal, e hoje está ao abandono, vitimada por disputas entre herdeiros, apenas utilizada por pescadores e visitada por transeuntes ocasionais maioritariamente estrangeiros. Em elevado estado de degradação, vandalizada por habitantes temporários de origem duvidosa e devidamente “grafitada”, a Quinta da Arealva constitui mais um exemplo de abandono consciente do património da margem sul, num local que poderia ser quase tudo o que se quisesse que fosse.






Cartaz alusivo á Fábrica de Conservas do Ginjal


Ginjal - Anos 60


Antiga Tanoaria


Vista do Cais

































































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